Álvaro Rodrigues - Desafio "Uma imagem, um conto"

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O Álvaro do perfil @alvarorodriguesx, que é autor de terror e suspense, saiu da sua zona de conforto e fez este texto para o desafio uma Imagem, um Conto!





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"Oblitus

Não vimos quando eles chegaram. Em nossa defesa, não eram maiores que grãos de areia quando cruzaram a exosfera a bordo de um satélite abandonado desde 1967.

Nem mesmo o atrito com os gases que compõem a atmosfera teve poder para destruir estes organismos, muito pelo contrário, teóricos sugeriram que ao invés de queimar com o aumento da concentração de oxigênio, evoluíram e se multiplicaram.

Tivemos todos os indícios. Quando o LES1, largado em órbita pelos americanos há mais de cinco décadas, voltou a ativa e começou a enviar sinais sonoros dissonantes mesmo com as baterias queimadas durante seu lançamento.

Fomos imprudentes, ingênuos ou quem sabe, muito arrogantes quando o trouxemos de volta.

Foram exatamente oito semanas para que a cepa biotecnológica varresse o globo. Achávamos que conhecíamos o poder destrutivo de um vírus.
Estávamos enganados novamente.

Chamamos estes de "sortudos", porque não tiveram a dose extra de inferno quando as estrelas começaram a cair.

Claro que não eram estrelas. Máquinas de combate que não demoraram muito mais do que semanas para nos encontrar.

O barulho do metal contra as pedras é angustiante. A poeira, além de cegar momentaneamente resseca ainda mais meus lábios. O cão choraminga, mas se mantém ao meu lado, fiel até o fim.

Os visores rubros identificam em lasers meu peito e possivelmente minhas costas. Cercado.

Ergo meu corpo empunhando a arma quebrada que me servia como bengala e o arco que utilizava para caçar ratos.

Ninguém imaginaria um fim mais decadente para nossa raça.

Grito com a garganta ressecada. Gutural. Solitário. Os tentáculos das máquinas de guerra tilitando e serpenteando nossos corpos.

Fecho meus olhos.

Ouço o último ganido de meu amigo. Aguardo meus momentos finais e me surpreendo quando ele não chega. Quando a poeira se esvai, vejo incontáveis estrelas flamejantes ascendendo aos céus de forma tão súbita quanto vieram.

Deixando o mundo devastado e um homem solitário e despertado. Um mero e decrépito reflexo do que sobrou de uma raça agora esquecida e deixada para trás."





Álvaro, seu texto ficou bom demais... Obrigado!!!






Imagem: Pinterest / Cacing Nakal

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Comentários

  1. Tem uma pegada de coisas que adoro!
    GUERRA DOS MUNDOS;
    O NEVOEIRO, até mesmo O DIA EM QUE A TERRA PAROU, mas com uma identidade própria, um tempero que mostra que o autor não só conhece, mas domina muito a ficção científica!

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